segunda-feira, 22 de junho de 2009


Pintura feita com tintas extraidas de pigmentos naturais de jenipapo e urucum.

A intenção desta oficina é propagar a cultura Indígena e seu grafismo, acreditando que seja de grande importância para todos, este conhecimento milenar existente me nosso país.
Os indígenas buscam referencias visuais nos elementos da natureza, para a construção dos desenhos nas pinturas corporais. Por tanto, utilizam-se de pigmentos oriundos de vegetais e minerais geralmente encontrados nas regiões onde habitam.
As técnicas decorativas, bem como as suas simbologias encontram no corpo humano um dos seus suportes para a representação estética da arte plástica, que alem de uma manifestação artística, é também um resgistro etnocultural. Essas mesmas observações valem para os padrões encontrados nas pinturas dos utensílios cotidianos, nas indumentárias e nos desenhos do espaço habitacional.

Os aspectos visuais, obtidos através da semiótica apresentada na decoração corporal, remetem-nos à identidade de cada etnia, onde são relatadas as mudanças sociais básicas decorrentes do processo etário, hierarquia, gênero, entre outros.
Para estabelecermos relações entre esses diferentes grupos humanos promovendo a interculturalidade, necessitamos de maiores estudos pela gama de informações que eles nos oferecem. A arte Indígena constitui-se um referencial importante, para os professores que pretendem desenvolver projetos interculturais constituindo-se uma porta de entrada a outras questões, pois nas sociedades Indígenas, a arte está relacionada a todos os outros aspectos da vida social, diferentemente do conceito de arte na nossa sociedade. Assim as pesquisas relacionadas a estética considera as tradições e o contexto histórico-social de cada etnia, desbancando a idéia generalizadora, difundida inclusive nos livros didáticos.
A pintura e as manifestações gráficas dos grupos Indígenas brasileiros foram objetos de atenção desde o primeiro século da colonização. Os estudiosos nunca deixaram de registrar-las e de admirá-las, estejam elas presentes nos corpos, nos utensílios, e atualmente também nos papeis, que se apresentam como um novo campo de expressão para os artistas Indígenas.

Elegemos as artes gráficas dos Kadiwéu e dos Karajá para a realização da prática dessa oficina. Ambas são manifestações que atingem níveis estéticos extremamente virtuosos, mas concebidos de forma completamente diversificada uma da outra.
O padrão gráfico Kadiwéu, consiste no pontilhismo e em elementos alinhados e curvos, que formam desenhos com muitas variações geométricas e muito primor em seus detalhes. Neste grafismo se encontra um equilíbrio em todo o desenho, e as figuras são feitas para ornamentar a pele no dia-a-dia da sociedade e para os dias de festas. A variedade de estilos dos desenhos abstratos fez o antropólogo Darci Ribeiro classificar o padrão desta etnia, como a mais elaborada e bela manifestação artística dos Indígenas do continente Americano. Os padrões filigramados, com curvas e arabescos em simetria, as vezes de forma transversal, lAdicionar imagemembra em alguns momentos a pintura oriental. Nos artefatos do cotidiano da aldeia, com desenhos no couro curtido, ou nos vasos e potes produzidos por eles, não são registrados os pontilhismos dos desenhos corporais. A prática da pintura corporal vem a cada dia sendo menos utilizada entre os Kadiwéu.
A pintura corporal dos Karajá baseia-se nos elementos da natureza como a pele dos animais existentes na região onde habitam. Seu grafismo é espontâneo e apresentado através de linhas retas, de espessuras finas e grossas, em desenhos que possuem uma composição que parece ser infinita a exemplo de um arabesco. Seu traçado apresenta-se de forma simétrica e assimétrica. Esse tipo de grafismo é elaborado e pensado para os dias de rituais com o intuito de caracterização da "pele social" do grupo. Os Karajá são nacionalmente conhecidos através das bonecas de cerâmica e cestarias que produzem, e o grafismo também são o mesmo que é feito no corpo. Dois círculos são desenhados na face, logo abaixo dos olhos, e se apresentam como uma espécie de "marca" étnica do grupo.
Após a analises dos grafismos das duas etnias, Kadiwéu e Karajá, propusemos um exercício de criação de novos desenhos. Enfatizamos a importância das pesquisas realizadas pelo ministrante relativas a diversidade cultural das etnias que compõem nossa cultura, pois a sala de aula representa um espaço de grande articulação, onde se inicia o processo de aprendizagem e criação de subjetividades.